domingo, 13 de junho de 2010

Proteger demais desprepara!!!!



Mãe que é mãe não mede limites. O amor materno é conhecido por ser incondicional por excelência.
Mas e quando esse amor, mais do que cuidar e orientar, sufoca? Hoje em dia, os perigos também não encontram limites — álcool, drogas e criminalidade são apenas alguns dos monstros que se escondem no guarda-roupa da vida real. Para algumas mães, o ideal é preparar o filho para que saiba lidar com o perigo. Para outras, o certo é que nada aterrorize o sono das crianças. É a superproteção, que causa medo às mães e prejuízos emocionais aos filhos.

A psicóloga Andréa Klein acredita que as consequências são visíveis principalmente na escola, que é o local onde as crianças começam a compartilhar atenção, brinquedos, amigos e seguir regras sociais.

— O comportamento inseguro e ansioso dos pais impede que os filhos tenham a oportunidade de
assumir responsabilidades. As situações mais comuns são comportamentos de superproteção em relação às frustrações, imposição de regras e limites. Os pais ficam confusos quando os filhos passam por momentos de dificuldade, caindo nas garras da superproteção — observa.

O instinto materno é feito do desejo de cuidar, auxiliar nas necessidades físicas e afetivas, amar, apoiar, dar oportunidade de crescimento, experimentar, acertar, errar e admirar. Na relação com os filhos, deve haver diálogo, sinceridade, compreensão e explicitação do que existe no mundo, tanto no que se refere aos riscos quanto às possibilidades. É preciso alertar sobre os perigos, mas não se pode fazer disto um argumento para isolar os filhos e torná-los reclusos.

— Uma criança que cresce com excesso de proteção não experimenta a sensação de resolver problemas, não sente frustrações, muito menos passa pelos sofrimentos que fazem parte do desenvolvimento do ser humano — define a psicóloga Roberta Balsini.

Roberta observa que momentos da rotina, como a dor das cólicas do bebê, o afastamento da mãe para iniciar na escolinha, mudança de cidade, a rejeição de um amigo e uma nota baixa, são corriqueiros na vida real e é preciso enfrentá-los. Se a criança for poupada de tudo pela mãe superprotetora, ela estará atrapalhando a construção da autonomia, segurança, confiança e autoestima do filho. Mas nem toda mãe cuidadosa pode ser diagnosticada como superprotetora.

— A mãe cuidadosa é aquela que observa as características do filho, respeitando, auxiliando e incentivando seu desenvolvimento. A mãe que superprotege geralmente não aceita essas características, deposita no filho anseios, desejos e até mesmo frustrações. Cria e educa como se fosse dela, como se todas as faltas estivessem sendo compensadas naquele ser — diz.

Seria mais fácil se cada mãe conseguisse observar o próprio comportamento, identificar exageros e policiar-se a tempo. Mas, geralmente, a mulher que põe o filho dentro de uma bolha confortável não percebe que pode estar fazendo mal à criança. Muitas mães agem de forma impulsiva, mesmo que os outros mostrem comportamento exagerado.

— Tornar isso consciente é a primeira tarefa, depois, o importante é buscar ajuda para localizar e tratar a causa da ação _ orienta a psicóloga.

Resgate da segurança
Muitos fatores podem contribuir e caracterizar mães ansiosas e superprotetoras, afirma a psicóloga Roberta Balsini. Entre eles, podem ser citados a espera longa desse filho, sentimento de culpa por ter rejeitado o início da gravidez, tentativa de aborto, casamentos fracassados, dificuldade financeira e outros. E muita coisa pode ser reflexo de algo ainda mais antigo.

Os conflitos que os adultos carregam na relação entre pais e filhos interferem e causam danos no desenvolvimento dos herdeiros. Crianças de mães que protegem demais prolongam e até dificultam a construção dessas características na formação da personalidade. Um adulto que foi superprotegido na infância pode crescer inseguro e tornar-se um pai ou mãe com dificuldade de educar um filho com autonomia e segurança.

A superproteção torna-se um verdadeiro monstro quando não são oferecidas chances reais de aventurar-se no mundo por contra própria. Para tudo há sempre algum acompanhamento dos pais _ tudo mesmo! Seja para ir à escola, ao clube, ao shopping ou mesmo em caso de férias e períodos mais prolongados de tempo, nos quais os pais, por insegurança total, impedem os filhos de fazerem programas em que não estejam incluídos.

— É preciso que sejam concedidos momentos de liberdade aos filhos, pois será a chance de vivenciar estas experiências ou aventuras sem que o olhar e a presença dos pais os intimidem ou os exponham a situações de ridicularização diante dos colegas — ressalta Roberta.

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